nicobico
24-03-2020, 09:34
Muitos se perguntam por que algumas baterias são melhores e duram mais, enquanto outras tem sua vida útil reduzida. A resposta passa por algumas informações simples que vão ajuda-lo a entender isso e prolongar a vida útil desde acessório essencial para as motocicletas.
Baterias são acumuladores de energia. Ou seja, recebem a carga elétrica e armazenam por um determinado período de tempo, até que a carga seja transmitida para outro equipamento ou vá se perdendo ao longo do tempo.
A carga elétrica é armazenada em acumuladores existentes na bateria. Esses acumuladores podem ser de vários materiais (níquel-cádmio, metal-hidreto, chumbo, etc). Não iremos discorrer sobre esses materiais aqui. Mas como todo material, ele sofre desgaste com o uso e tem uma vida útil definida.
Nas baterias a “vida útil” é determinada pelo “número de ciclos”. O ciclo é composto pelo processo de carga e descarga; a quantidade de vezes que a bateria recebeu a energia da rede elétrica (ou carregador) e quantas vezes essa energia foi transferida para outro componente (um motor de partida, por exemplo). Geralmente este número é informado pelo fabricante, e é baseado em uma carga completa (100% da capacidade) e uma descarga completa (90% da capacidade). Mas porquê apenas 90% e não 100% de descarga? Isso veremos mais adiante.
A primeira pergunta que surge é: A bateria é utilizada somente “um pouco” e logo em seguida receber nova carga. O que acontece?
Essa é uma situação muito comum nos veículos; carros ou motos. Ao acionar o motor a bateria envia energia para o motor de partida e em seguida já começa a receber uma nova carga do alternador. Este processo não é considerado um ciclo completo de carga / descarga, mas conta para o desgaste da bateria e redução da vida útil. O percentual de desgaste e envelhecimento da bateria pode ser calculado através de uma fórmula complexa que leva em conta vários fatores tais como: tempo de uso, percentual de carga, energia descarregada, número de ciclos anteriores e outros fatores. Quem estiver interessado poderá procurar na Internet a formula e trabalhos que falam sobre o assunto. Para nós motociclistas, o que interessa é que a cada partida a bateria enfraquece um pouquinho.
Mas qual o motivo para o calculo não levar em conta 100% de descarga da bateria?
Simples. Uma bateria não pode ser descarregada em 100% sob pena de ser danificada permanentemente. Uma pequena quantidade de carga é necessária para manter as células que acumulam a energia “saudáveis”; ou seja, cumprindo sua função de receber e acumular carga. Caso sejam descarregadas totalmente as células, não importa de que material sejam feitas, nunca mais terão sua capacidade máxima de retenção de energia. Elas podem ser recarregadas novamente; mas nunca atingirão os 100% de carga previstos para aquele estágio da vida útil da bateria (vide informações anteriores). Além disso sua vida útil será drasticamente reduzida. Em casos extremos, a bateria após ser descarregada totalmente não recebe mais carga e fica inutilizada.
Este é o principal motivo dos problemas em baterias de motocicletas de grande cilindrada e com pouco uso.
O proprietário roda muito pouco com o veículo e o tempo de funcionamento do motor não é suficiente para fazer uma carga completa na bateria, que aos poucos vai perdendo sua capacidade de acumulação até que fica totalmente descarregada. Isto é agravado pelo perfil do usuário de motos big trail e touring que rodam pouco com a motocicleta e geralmente em intervalos muito longos entre uma saída e outra (semanal ou mensal). Muitas vezes o piloto deixa a motocicleta na garagem por meses e quando vai dar a partida, a bateria está morta.
Outro fator que diminui a vida útil da bateria é a velocidade de carga.
A melhor prática mostra que a carga deve ser lenta, pois o processo de carga gera calor; e o calor é fator de desgaste de componentes elétricos, eletrônicos e mecânicos. Porém, muitas vezes quando ocorre a descarga total da bateria o usuário, na ânsia de querer sair rapidamente com o veículo, submete o acumulador a um processo de “carga rápida” injetando na bateria uma corrente elétrica muito superior ao desejado e, consequentemente, gerando muito mais calor do que o recomendado. Logo, a vida útil será reduzida.
Mas como evitar isso?
Uma das formas mais simples e eficazes de prolongar a vida útil de uma bateria é a utilização de um carregador de baterias, especialmente para aqueles casos em que o veículo fica parado em longos intervalos entre uma utilização e outra.
Existem diversas marcas, modelos e capacidades de carga desses aparelhos. Não vamos aqui discutir isso; cada um deverá pesquisar e encontrar aquele modelo que mais se encaixa no seu bolso e na sua necessidade. Mas uma recomendação que fazemos é: escolha um modelo de carregador “inteligente”.
O carregador inteligente tem algumas vantagens sobre os comuns.
Primeiro, ele pode ser ligado diretamente na motocicleta através de “garras” nos contatos da bateria ou através de um plugue no soquete do acendedor de cigarros ou conector proprietário de acessórios da moto ou carro, sem o risco de “fritar” os componentes elétricos mais sensíveis do veículo.
Segundo, ele faz uma avaliação do estado da bateria (carga, vida útil, tensão, etc) e inicia o processo de descarga (sem zerar a bateria) e a carga em modo lento, até que a bateria esteja num estado ótimo de carga.
Terceiro: uma vez carregada a bateria, o carregador inteligente fica analisando o nível de carga e repõe suavemente a energia necessária para manter a carga completa, sem danificar as células. Além disso, cada vez que ele é conectado no acumulador, o processo de descarga suave e controlada evita o que é popularmente chamado de “bateria viciada” (que não consegue mais acumular carga), aumentando enormemente a vida útil dela.
Mas se o carregador inteligente é tão bom assim, porquê todos não utilizam o equipamento?
Eu penso que muitos não conhecem e não sabem as vantagens deste acessório. Mas o principal fator é o seu custo. Um carregador de boa qualidade pode custar duas a três vezes o preço de uma bateria nova; o que para muitos é demasiado. Mas se considerarmos que uma bateria comum tem uma vida útil entre 1 e 2 anos, e com a utilização de um carregador inteligente ela pode durar entre 4 a 6 anos, é um investimento com uma ótima relação custo / benefício. Sem falar que é muito desagradável para um motorista ou motociclista que está pronto para sair, tentar dar partida no veículo e este não ligar porque a bateria está descarregada.
Eu pessoalmente tenho uma ótima experiência com carregadores. Comprei um para usar na minha moto há 10 anos e desde então sempre que a moto está na garagem ela está conectada no carregador original recomendado pelo fabricante. A primeira bateria durou 5 anos e foi trocada apenas por precaução antes de uma viagem longa. A segunda já está chegando perto disso, e deve durar o mesmo ou mais ainda. Meu perfil é de pilotagem eventual; semanal ou mensal. Exatamente como mencionado antes e como da maioria dos proprietários de motos de alta cilindrada.
Aliás, é exatamente por esse motivo que a maioria dos fabricantes de motocicletas consideram a bateria um acessório e a garantia do equipamento não passa de 3 ou 6 meses. Eles já sabem que em alguns modelos a moto vai ser pouco utilizada e em pouco tempo a bateria vai dar problema.
Outros fatores que reduzem a vida útil da bateria:
- Utilização em temperaturas extremas (calor excessivo ou frio abaixo de zero).
- Instalação de acessórios e componentes eletroeletrônicos no veículo acima da capacidade e amperagem suportada pela bateria.
- Grande numero de partidas do motor de arranque num curto espaço de tempo, sem que haja tempo hábil para a carga da bateria.
- Impactos físicos.
- Tempo excessivo de carga utilizando um carregador comum.
- Tensão e corrente errada durante o processo de carga.
- Processo de ativação antes primeiro uso (para alguns modelos) mal executado.
- Não fazer a manutenção em baterias que necessitam disso (Ex: baterias líquidas).
- Fazer a manutenção de forma errada, com produtos incorretos ou em excesso.
- Utilizar baterias não recomendadas pelo fabricante em seu veículo.
Bom, o assunto “baterias” é bem mais técnico e complexo. Meu objetivo foi colocar de forma simples e acessível informações que considero fundamentais para o usuário comum.
Espero que as dicas acima tenham ajudado a entender um pouco mais sobre esses acumuladores de energia e que ajudem a vocês não terem problemas com elas no futuro, além de economizar uma boa grana com a maior durabilidade delas.
Abraço e muitos quilômetros para todos!
Baterias são acumuladores de energia. Ou seja, recebem a carga elétrica e armazenam por um determinado período de tempo, até que a carga seja transmitida para outro equipamento ou vá se perdendo ao longo do tempo.
A carga elétrica é armazenada em acumuladores existentes na bateria. Esses acumuladores podem ser de vários materiais (níquel-cádmio, metal-hidreto, chumbo, etc). Não iremos discorrer sobre esses materiais aqui. Mas como todo material, ele sofre desgaste com o uso e tem uma vida útil definida.
Nas baterias a “vida útil” é determinada pelo “número de ciclos”. O ciclo é composto pelo processo de carga e descarga; a quantidade de vezes que a bateria recebeu a energia da rede elétrica (ou carregador) e quantas vezes essa energia foi transferida para outro componente (um motor de partida, por exemplo). Geralmente este número é informado pelo fabricante, e é baseado em uma carga completa (100% da capacidade) e uma descarga completa (90% da capacidade). Mas porquê apenas 90% e não 100% de descarga? Isso veremos mais adiante.
A primeira pergunta que surge é: A bateria é utilizada somente “um pouco” e logo em seguida receber nova carga. O que acontece?
Essa é uma situação muito comum nos veículos; carros ou motos. Ao acionar o motor a bateria envia energia para o motor de partida e em seguida já começa a receber uma nova carga do alternador. Este processo não é considerado um ciclo completo de carga / descarga, mas conta para o desgaste da bateria e redução da vida útil. O percentual de desgaste e envelhecimento da bateria pode ser calculado através de uma fórmula complexa que leva em conta vários fatores tais como: tempo de uso, percentual de carga, energia descarregada, número de ciclos anteriores e outros fatores. Quem estiver interessado poderá procurar na Internet a formula e trabalhos que falam sobre o assunto. Para nós motociclistas, o que interessa é que a cada partida a bateria enfraquece um pouquinho.
Mas qual o motivo para o calculo não levar em conta 100% de descarga da bateria?
Simples. Uma bateria não pode ser descarregada em 100% sob pena de ser danificada permanentemente. Uma pequena quantidade de carga é necessária para manter as células que acumulam a energia “saudáveis”; ou seja, cumprindo sua função de receber e acumular carga. Caso sejam descarregadas totalmente as células, não importa de que material sejam feitas, nunca mais terão sua capacidade máxima de retenção de energia. Elas podem ser recarregadas novamente; mas nunca atingirão os 100% de carga previstos para aquele estágio da vida útil da bateria (vide informações anteriores). Além disso sua vida útil será drasticamente reduzida. Em casos extremos, a bateria após ser descarregada totalmente não recebe mais carga e fica inutilizada.
Este é o principal motivo dos problemas em baterias de motocicletas de grande cilindrada e com pouco uso.
O proprietário roda muito pouco com o veículo e o tempo de funcionamento do motor não é suficiente para fazer uma carga completa na bateria, que aos poucos vai perdendo sua capacidade de acumulação até que fica totalmente descarregada. Isto é agravado pelo perfil do usuário de motos big trail e touring que rodam pouco com a motocicleta e geralmente em intervalos muito longos entre uma saída e outra (semanal ou mensal). Muitas vezes o piloto deixa a motocicleta na garagem por meses e quando vai dar a partida, a bateria está morta.
Outro fator que diminui a vida útil da bateria é a velocidade de carga.
A melhor prática mostra que a carga deve ser lenta, pois o processo de carga gera calor; e o calor é fator de desgaste de componentes elétricos, eletrônicos e mecânicos. Porém, muitas vezes quando ocorre a descarga total da bateria o usuário, na ânsia de querer sair rapidamente com o veículo, submete o acumulador a um processo de “carga rápida” injetando na bateria uma corrente elétrica muito superior ao desejado e, consequentemente, gerando muito mais calor do que o recomendado. Logo, a vida útil será reduzida.
Mas como evitar isso?
Uma das formas mais simples e eficazes de prolongar a vida útil de uma bateria é a utilização de um carregador de baterias, especialmente para aqueles casos em que o veículo fica parado em longos intervalos entre uma utilização e outra.
Existem diversas marcas, modelos e capacidades de carga desses aparelhos. Não vamos aqui discutir isso; cada um deverá pesquisar e encontrar aquele modelo que mais se encaixa no seu bolso e na sua necessidade. Mas uma recomendação que fazemos é: escolha um modelo de carregador “inteligente”.
O carregador inteligente tem algumas vantagens sobre os comuns.
Primeiro, ele pode ser ligado diretamente na motocicleta através de “garras” nos contatos da bateria ou através de um plugue no soquete do acendedor de cigarros ou conector proprietário de acessórios da moto ou carro, sem o risco de “fritar” os componentes elétricos mais sensíveis do veículo.
Segundo, ele faz uma avaliação do estado da bateria (carga, vida útil, tensão, etc) e inicia o processo de descarga (sem zerar a bateria) e a carga em modo lento, até que a bateria esteja num estado ótimo de carga.
Terceiro: uma vez carregada a bateria, o carregador inteligente fica analisando o nível de carga e repõe suavemente a energia necessária para manter a carga completa, sem danificar as células. Além disso, cada vez que ele é conectado no acumulador, o processo de descarga suave e controlada evita o que é popularmente chamado de “bateria viciada” (que não consegue mais acumular carga), aumentando enormemente a vida útil dela.
Mas se o carregador inteligente é tão bom assim, porquê todos não utilizam o equipamento?
Eu penso que muitos não conhecem e não sabem as vantagens deste acessório. Mas o principal fator é o seu custo. Um carregador de boa qualidade pode custar duas a três vezes o preço de uma bateria nova; o que para muitos é demasiado. Mas se considerarmos que uma bateria comum tem uma vida útil entre 1 e 2 anos, e com a utilização de um carregador inteligente ela pode durar entre 4 a 6 anos, é um investimento com uma ótima relação custo / benefício. Sem falar que é muito desagradável para um motorista ou motociclista que está pronto para sair, tentar dar partida no veículo e este não ligar porque a bateria está descarregada.
Eu pessoalmente tenho uma ótima experiência com carregadores. Comprei um para usar na minha moto há 10 anos e desde então sempre que a moto está na garagem ela está conectada no carregador original recomendado pelo fabricante. A primeira bateria durou 5 anos e foi trocada apenas por precaução antes de uma viagem longa. A segunda já está chegando perto disso, e deve durar o mesmo ou mais ainda. Meu perfil é de pilotagem eventual; semanal ou mensal. Exatamente como mencionado antes e como da maioria dos proprietários de motos de alta cilindrada.
Aliás, é exatamente por esse motivo que a maioria dos fabricantes de motocicletas consideram a bateria um acessório e a garantia do equipamento não passa de 3 ou 6 meses. Eles já sabem que em alguns modelos a moto vai ser pouco utilizada e em pouco tempo a bateria vai dar problema.
Outros fatores que reduzem a vida útil da bateria:
- Utilização em temperaturas extremas (calor excessivo ou frio abaixo de zero).
- Instalação de acessórios e componentes eletroeletrônicos no veículo acima da capacidade e amperagem suportada pela bateria.
- Grande numero de partidas do motor de arranque num curto espaço de tempo, sem que haja tempo hábil para a carga da bateria.
- Impactos físicos.
- Tempo excessivo de carga utilizando um carregador comum.
- Tensão e corrente errada durante o processo de carga.
- Processo de ativação antes primeiro uso (para alguns modelos) mal executado.
- Não fazer a manutenção em baterias que necessitam disso (Ex: baterias líquidas).
- Fazer a manutenção de forma errada, com produtos incorretos ou em excesso.
- Utilizar baterias não recomendadas pelo fabricante em seu veículo.
Bom, o assunto “baterias” é bem mais técnico e complexo. Meu objetivo foi colocar de forma simples e acessível informações que considero fundamentais para o usuário comum.
Espero que as dicas acima tenham ajudado a entender um pouco mais sobre esses acumuladores de energia e que ajudem a vocês não terem problemas com elas no futuro, além de economizar uma boa grana com a maior durabilidade delas.
Abraço e muitos quilômetros para todos!