Ver Versão Completa : 12º ENX - relato pessoal do Leandro
leandro88
15-12-2022, 10:51
Como gostaria de entrar mais vezes aqui e ler os relatos de viagens, passeios, dicas e tudo mais que envolva as motocas. Por muito tempo, isso era tudo o que tinha.
Da boa vontade, curiosidade e um fascínio por viagens de moto, me fiz um alienado no assunto e tomei gosto por tudo relacionado. Qualquer tentativa em querer descrever, sobretudo a curiosidade inocente que despertei, ficará sem sal, como tudo que é bom, é naturalmente chato de descrever. Sei que que os tempos são outros, entendo também que os assuntos sobre as viagens de moto estão todos resumidos em uma figurinha no whatsapp, ou em algum vídeo em primeira pessoa no tutube. Mas, como gosto mesmo é de ler, conversar e lamber as fotos com os olhos, decidi (eu mesmo) saciar minha vontade e escrever.
Esse não é nenhum relato com muitas desventuras, perreios, ou qualquer coisa que valha. Pelo contrário, fui e voltei do Encontro sem nenhum pesar. Quase todo o trajeto em asfalto, tudo tão divertido e gostoso, que se por acaso parecer enfadonho, peço que desconsidere e aprecie somente as fotos.
Cabe explicar aqui o que é o ENX, antes de mais nada. Trata-se do encontro nacional anual do XRE Online, que segundo contam os mais antigos, o fórum teve origem no grupo dos extintos tornadeiros, logo quando começaram a sair as primeiras XRE. Da origem do fórum começaram os primeiros encontros, e como o título sugere, esse foi o décimo segundo encontro anual. Cada ano um Estado e uma cidade diferente, bem no mesmo propósito dos encontros anuais de outros fóruns.
Agora vamos ao que interessa!
- Dia 1
É sabido que antes da viagem ir para as vias de fato, tem todo um preparativo, pesquisa de rota, ajustes e revisões na motoca, etc. Não é este o meu caso, primeiro porque já conhecia as estradas que percorreria, além de ser um percurso relativamente pequeno. Segundo que a moto estava plena um mês antes, revisada após a viagem maior anterior, e para falar que nada fiz, fiz a troca das pastilhas traseiras duas semanas antes.
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Saímos de Santa Rita do Sapucaí, no sul de MG, e a meta do dia era tocar até a grande BH, cerca de 450 km, pernoitar, e seguir no outro dia até Diamantina. Entretanto, a nossa amada chuva impediu de concluir o plano, e acabei pernoitando em um motel de beira de estrada, a uns 100 km da grande BH, depois de rodar umas 2h na chuva (claro) e de noite. Trecho de Fernão Dias, nada demais! Partimos umas 17:30 aproximadamente, muitos caminhões, uma parada em Perdões para tomar um café, depois mais uns 100km na chuva e foi-se o primeiro dia.
Rromagnani
17-12-2022, 22:13
Mensagem aprovada! (estava aguardando aprovação)
Boa Leandro…. Tb sou fã dos relatos de viagem, fotos e vídeos!
Aguardando os próximos capítulos.
Só um detalhe…. Pelo menos pra mim a foto não está aparecendo…. Vê se consegue ajustar!
Enviado do meu iPad usando Tapatalk
Obrigado Leandro
Excelente!
Só no aguardo das fotos e dos próximos dias da viagem!
Abraço
leandro88
20-12-2022, 16:01
Mensagem aprovada! (estava aguardando aprovação)
Boa Leandro…. Tb sou fã dos relatos de viagem, fotos e vídeos!
Aguardando os próximos capítulos.
Só um detalhe…. Pelo menos pra mim a foto não está aparecendo…. Vê se consegue ajustar!
Roberto, editei a primeira postagem e anexei a imagem direto, ao invés de enviar com link. Veja por gentileza, se agora apareceu a imagem.
O relato está quase todo pronto e aos poucos vou postando e dando a cara aqui. Abraço!
Rromagnani
20-12-2022, 21:35
Roberto, editei a primeira postagem e anexei a imagem direto, ao invés de enviar com link. Veja por gentileza, se agora apareceu a imagem.
O relato está quase todo pronto e aos poucos vou postando e dando a cara aqui. Abraço!Agora sim! Sensacional!
Aguardando os próximos capítulos!
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LeonardoRJ
21-12-2022, 19:49
Parabéns pelo relato e passeio .. motoca é top demais !
leandro88
26-12-2022, 12:01
- Dia 2 – período da manhã e primeira parte
Apeei cedo, pernoite de motel, ô vida! A chinela cantou a noite toda, e não foi no meu quarto. Chuva boa de dormir, apaguei pelado como vim ao mundo e não vi mais nada. Acordei com os pássaros cantando, e o barulho longínquo dos caminhões na rodovia.
Sai antes do café da manhã. Sim, estava incluso no pernoite, um luxo. Fiz questão de procurar a bimboca no mapas, Motel Vertuno em Carmópolis de Minas, para trazer ao relato, e também porque algo tão importante não poderia passar batido. E deixei o desjejum para depois que passasse a grande BH. Saí com as roupas de baixo molhada, cueca, calça, bota e meia, porque o espertalhão não quis por a capa na parte de baixo.
Tomei meu café num posto na saída de Ribeirão das Neves, depois de não errar nenhuma entrada cruzando a maior metrópole Mineira. Estou ficando bom em usar GPS. Trem bão! Posto e lanchonete chefão, já na duplicada 040, pouco mais de 130 km rodados até então, com a roupa quase seca, faltava somente a meia, porque a bota só é impermeável de fora para dentro, não o oposto. Três cafés, um pão com ovo e queijo, como tem que ser quase todas as manhãs, além claro, do tradicional chamado da natureza pela manhã. Viva o ciclo circadiano!
Na saída do café estiquei a prosa com um senhor, cujo nome é bom não mencionar dada as desventuras dele aqui no entorno da terrinha. Pelo brilho no olhar ao narrar, ele sente mesmo saudades dos doces de Piranguinho. Baiano, apresentou ele o apelido, embora seja Sergipano. Baiano contou que estivera jurado de morte pelo ex de uma morena, depois de se enamorarem. Deu detalhes, nomes, citou locais que só mesmo os locais conheceriam, como o bem falado torresmo no bar da Maria em Itajubá, a subida braba de serra para Delfim Moreira, entre outras coisas tantas. Baiano tem mesmo paixão pela vida, e contou estar em uma viagem que ruma para os 2 anos. Foi ao Sul, visitou as Cataratas no Iguaçu, a coca Paraguaia, e tudo mais um tanto. Nesse interim tinha visitado as montanhas no Sul de MG, o norte do RS, a região serrana de SC, a parte das plantações no PR e uma das regiões mais belas de SP, onde o Tietê ainda tem peixes e bons pontos para banho no próprio rio, além de ter dado uma esticadinha até o MT, cruzando o MS e passando para um banho em Bonito. Deu vida ouvir Baiano, que dali subiria a 040 em sua magrela até Brasília, sim, tudo isso na honrosa magrela, para depois talvez dar um mergulho no Jalapão, e por fim esticar para o Natal no Nordeste.
Depois do café, do dedo de prosa, bem alimentado de boas energias, toquei pela 040 afora. Sábado de feriado prolongado, muitos veículos na estrada, tempo nublado, tocada no ritmo mais lento. Passei por Sete Lagoas, quebrei a direita na altura de Caetanópolis, entrei na 231, e daqui para adiante é o melhor e mais bonito trecho de toda viagem. Rumei direto e só fui parar na entrada de Cordisburgo, para uma foto, óbvio. A única até então:
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Quem teve a oportunidade de conhecer um pouco mais de MG, e pode reparar as diferenças entre as regiões do Estado, sabe precisar o quão único são as paisagens dessa região. Não atoa fui passear por lá pela segunda vez. Não à toa (ainda) essa terra pariu Guimarães Rosa, e presumo dizer que vem da sua origem a maior inspiração para tantas obras maravilhosas. Mas, seguimos adiante, porque como advertiu Riobaldo, em Grande Sertões:
- “quem mói no asp'ro não fantaseia”
Nessa última pernadinha até Diamantina, tocamos de Cordisburgo para Curvelo e por fim chegamos ao nosso destino. Mas, antes fortes emoções vieram à tona. Desde a saída no posto chefão vinha conversando com a patroa, um assunto que teve inicio no desapego de Baiano, por tudo que ele vive com muito pouco, e sempre com um sorriso no rosto, até introspecções mais profundas sobre o quanto estamos (às vezes) imersos em nossas bolhas que não vemos nada muito além. E é sair para estrada que a nossa leitura de mundo muda, e passamos a perceber o quão pequenos somos diante do todo. O que é uma roupa molhada na estrada perto de uma saudade de 2 anos de casa? NADA! Rodar na chuva a noite, com um pouco de frio também não é NADA, perto de um dia inteiro pedalando no sol e sem nada no estômago!
Isso tudo deixaram nossos sentidos mais aguçados, e a gota d´água foi ver uma família bem humilde na beira da estrada, entre Curvelo e Gouveia, vendendo frutas. Ver aquilo e entender o cenário como um todo: família humilde, casa simples, lugar afastado e que dificulta tudo (em todos os sentidos). Ver eles fazendo das poucas oportunidades a sua forma de sobrevivência... Poxa! Não teve como conter a emoção! Ouvi a voz da patroa esmorecendo no intercomunicador, paramos.
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Rromagnani
28-12-2022, 20:45
Muito legal... Estava rindo com as histórias do café da manhã... KKKKKKK
Excelentes viagem e história!
Gostei demais.
No aguardo dos próximos capítulos.
Obrigado [emoji4]
Gnegraes
29-12-2022, 10:44
Muito bom Leandro !!!
Minas é lugar especial...
Legal Leandro,
Aguardando os próximos capítulos...
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leandro88
12-01-2023, 11:35
- Dia 2 – período da tarde e segunda parte
Depois da parada, quase chegando em Diamantina, das reflexões e das gotas d’água que caíram, um leve chuvisqueiro veio pra terminar de lavar o que ainda faltava. Com os espíritos renovados, tocamos curtindo o trecho final. Importante comentar que quanto mais aberto estamos, mais recebemos. Particularmente via esse trecho final com mais sensibilidade, pensava nas pessoas que moravam ali, nas dificuldades que elas provavelmente passam, e nas coisas boas que elas vivenciavam também. Foi bom ter essa introspecção, e o chuvisco dentro do capacete veio espontâneo, junto com um sentimento de gratidão que invadiu o coração.
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Chegamos na Pousada Garimpo, marco final da Estrada Real e nosso destino do dia. Estar ali novamente, depois de 4 anos foi legal! Estávamos emotivos (ui), e fomos lembrando dos perreios ao fazer a E.R. em 2018. Na época a história era outra, muitas dificuldades, sol de lascar e chuvas fortes aos finais de tarde, todos os dias praticamente, um perreio diferente por dia, durante 12 dias..., chegamos ali com o forévis assado, e agora o contexto era outro, fizemos outro caminho para chegar de moto e num conforto extremo. Foi mesmo legal recordar e estar vivendo outra fase.
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Depois de um banho renovador, fomos (a pé) almoçar no mesmo restaurante de 2018 – Apocalipse o nome. Nisso o pessoal do Encontro que tinha chego antes, já adoçava as palavras com cevada, torresmo e muitos causos. Comemos e fomos nos juntar ao pessoal. Conhecemos e fizemos novos amigos, daqueles que irão amarelar nas fotos com o passar dos anos e estarão com a gente sempre, coisas que só quem viaja de moto é capaz de entender. Pois, ficamos amigos num piscar de olhos, pelo simples fato de partilharmos das mesmas paixões, e tornamos amigos de pessoas distantes, e de longe mesmo as vezes, amigos gaúchos, amigos sergipanos, amigos que a seleção Darwinista nos trouxe.
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A manhã e tarde desse dia foi reservada a recepção do pessoal, ficamos pelo centrinho mesmo, e a noite o jantar também no centrinho. Uns turistaram, a maioria passou o dia bebericando. Passamos quase que a tarde toda enchendo o latão, dando risadas e ouvindo e contando um tanto de causos (e mentiras) sobre viagens de moto. Vi um Catarina chorar, vi um Baiano quase perder o drone, ouvi com carinho um Carioca contar tantos causos e mentiras que hoje chamo ele de irmão.
De noite teve show no centrinho, que mais lembrou um carnaval no Pelourinho. Jantamos, e bebemos mais um pouco. Foi legal, demos boas risadas. E depois disso tudo, fomos dormir por volta de meia noite. O dia rendeu.
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Gnegraes
12-01-2023, 17:44
Muito bom Leandro !!!
Mais do que as excelentes fotos, teu texto nos entronizou de forma ímpar no clima maravilhoso desta viagem...
Excelente Leandro, sigo no aguardo dos próximos capítulos!
Obrigado
crmendesme
13-01-2023, 09:20
Parabéns Leandro, estamos acompanhando.
Parabéns, eu ja fui membro do XRE Online foi minha primeira moto!